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quarta-feira, 18 de julho de 2007

A elite brasileira é a pior do mundo, assim como a imprensa brasileira é uma das mais ridículas. A verdade é que vivemos num país medieval.

A entrevista abaixo foi concedida por Mino Carta ao blog de Samuel Celestino.
Por Daniel Pinto
Como um genovês veio parar aqui no Brasil?
Mino Carta – Realmente não tive a chance de me manifestar a respeito. Me trouxeram. Eu ainda era um menino de calças curtas. Cheguei ao Brasil com 12 anos de idade. Nasci na Itália, mas ao mesmo tempo sou um brasileiro. Meu pai era jornalista e recebeu uma proposta para vir pra cá dirigir a “Folha”. Então, ele veio e, naturalmente, trouxe toda família. Depois o projeto não se concretizou e meu pai foi trabalhar no “Estado de São Paulo”, onde foi secretário. Na verdade, em termos formais, meu pai mudou a história do “Estadão”.
Então, sua história no jornalismo começa muito cedo.MC – Bom, além de meu pai, meu avó também era jornalista. Mas, essa não era a minha vontade. Eu achava os jornalistas muito chatos.
E hoje, os jornalistas continuam chatos?MC – Eu diria que sim.
Num artigo você escreveu que, quando era criança, o Brasil era, de fato e de direito, o país do futuro. Continua a sê-lo?MC – Não. Não, meu caro, não é mais. Talvez um dia, quem sabe, volte a ser, mas, nesse momento, não.
Mino, como – de fato – teve início sua história no jornalismo?MC – Bem, talvez você se surpreenda, mas tudo começou por causa de um terno azul. Essa é a verdade. Então, quando eu tinha 15 anos, meu pai recebeu uma proposta de escrever periodicamente alguns artigos sobre futebol. Era para um jornal de Roma. Meu pai odiava futebol. Ele me perguntou: você quer fazer? Respondi: quanto vale? Era o suficiente para ir num bom alfaiate e encomendar um terno azul para os bailes de sábado à noite. Acabei virando jornalista porque descobri que a felicidade é algo alcançável.
Em 2000, após o lançamento do seu livro “O Castelo de Âmbar” – onde o personagem principal, Mercúcio Parla, relata o relacionamento, às vezes promíscuo entre governantes, jornalistas e “barões da imprensa” – muitos críticos literários apontaram o Parla como um espelho do seu alter ego. O que você tem a dizer sobre isso?MC – É uma boa afirmação. É verdade. Mercúcio Parla na verdade sou eu, embora colocado num lugar que não o Brasil, numa época que não a nossa. Mas, os eventos que ele vive, os personagens nos quais tropeça, são figuras verdadeiras. Todas escondidas embaixo de um pseudônimo.
Há quem diga que toda produção literária é autobiográfica. A sua se encaixa nessa definição? MC – Olha, eu escrevi apenas dois livros: “O Castelo de Âmbar” e “A Sombra do Silêncio”. Ambos são autobiográficos, embora, como lhe digo, a personagem central não represente exatamente este que lhe fala.
Enquanto jornalista, como é a sua relação com políticos, com o poder?MC – Minha relação pode ser ótima ou péssima. Depende das circunstâncias, dos políticos, depende das condições as quais eu me encontre com o poder. Eu, por exemplo, tenho uma amizade antiga com o presidente Lula, mas não o poupo de críticas. Então, vai depender do próprio Lula avaliar a relação comigo, ao verificar que a amizade não abranda a minha opinião. Claro que tenho uma péssima relação com outros políticos com os quais divirjo sistematicamente, cujas ações não aprovo.
Agora, a linha editorial da “Carta Capital” possui uma tendência esquerdista?MC – Não é bem assim. A Carta Capital, hoje em dia, é uma publicação que está fora do jogo da mídia tradicional. No sentido de que ela tanta praticar o jornalismo na sua acepção correta, enquanto o resto da mídia está a serviço do poder. Nesse momento, a mídia está em busca de uma crise que crie problemas para o Governo Lula. Por dois anos, antes das eleições de 2006, a mídia bombardeou Lula. Ora, eu acho que a mídia deveria meditar sobre o seu fracasso, porque – apesar dos dois anos de campanha cerrada – o Lula reelegeu-se com 61% dos votos válidos. A grande questão pra mim hoje é entender se o Lula está percebendo este aspecto. Parece que o Lula anda muito cauteloso nas suas ações, como se lhe faltasse meios para tomar certas decisões. Eu lamento isso, é claro! Lula precisa entender que, mesmo contra a vontade da mídia, ele tem um respaldo popular avassalador.
O Sr. acha que o Governo Lula tenta estabelecer uma boa relação com a imprensa?MC – Não sei em que medida o Governo pode se iludir quanto ao fato de poder ter uma boa relação com a imprensa e com a mídia em geral. Trata-se de uma ilusão! O Governo Lula jamais terá uma boa relação com a mídia. A mídia é um instrumento nas mãos de algo que chamamos de elite brasileira. A elite brasileira é a pior do mundo, assim como a imprensa brasileira é uma das mais ridículas. A verdade é que vivemos num país medieval. Por enquanto, o Brasil não demonstra condições de sair da idade média. Você conhece muito bem um político que é muito representativo desta situação, que é o Antônio Carlos Magalhães. O Maranhão conhece Sarney. Eles são verdadeiros senhores feudais, não são políticos. Veja, falamos de mídia. Metade do Congresso, metade dos deputados e senadores, tem seus próprios órgãos de mídia. O ACM significa a Globo na Bahia. Por ora, não há chance de voltar a ser o país do futuro.
Então, nesse contexto, é difícil manter a independência no jornalismo?MC – Muito difícil! Até porque temos por aí, efetivamente, um grupo bastante reduzido de veículos e jornalistas independentes.
Mino, de uma forma geral, como você avalia o jornalismo brasileiro hoje?
MC – Bem, de má qualidade. Começa pelo fato de que os jornalistas não sabem escrever. Eles têm enormes dificuldades na lida com o vernáculo. Não conhecem a língua deles. Depois, a grande reportagem, bem escrita, aprofundada, com boa qualidade literária, morreu há dez anos atrás. Coisas como essas são, cada dia, mais raras no jornalismo brasileiro. A imprensa brasileira, além de muito tendenciosa, ainda comete erros primários.
E quanto ao webjornalismo, o Sr. acha que já existe uma identidade profissional do webjornalista? Já existe um estilo próprio para internet?
MC – Acho que alguns praticam muito bem o chamado webjornalismo. Eu chamaria a atenção para, pelo menos, dois nomes: Paulo Henrique Amorim e Luis Nassif. Eles praticam um jornalismo autêntico. Possuem posições corretas.
O Sr. acredita que os blogs – pela interatividade, subjetivismo e maior aproximação com o leitor – ameaça o modo tradicional de fazer jornalismo?
MC – Embora esteja longe de ser um especialista nesta matéria, não acredito que haja qualquer tipo de ameaça. Também creio que os blogs não sejam um modismo. Acho que a internet é um instrumento muito precioso. Facilita a pesquisa, facilita o aprofundamento, mas não sei se todos sabem usá-la. Acredito que os blogs são uma outra maneira de se fazer jornalismo. Embora, de uma certa forma, seja uma maneira de jornalismo escrito. Isso me agrada muito. Sabe, quando eu era garoto, Marshall MacLuham sentenciava o fim do jornalismo impresso. Eu não acredito nisso. Apesar de tudo, a internet exige escrita.
Mino, o Sr. ainda usa a sua Olivetti (máquina de escrever) ou aquela expressão (Mino Carta, direto da Olivetti) é só para enfeitar o blog?MC – Continuo sim. Eu não chego perto do computador. Tenho medo que ele me engula.
O Sr. veio à Bahia participar do Seminário “Mídia e Educação”. Qual será sua participação neste evento?
MC – Vim falar sobre o papel do jornalista na formação da opinião pública. Quer dizer, aí existe uma questão que precisa ser analisada: o jornalista é ou não é um educador? Eu particularmente acho que não. Esta não é a tarefa dele.
Com tantas atribuições no jornalismo, ainda dá tempo para pintura?MC – Não. Não tenho mais tempo, nem vontade.
Lhe falta inspiração?
MC – Acho que esta história de inspiração não funciona. Acho que o trabalho do pintor, do jornalista ou do escritor tem que ser, antes de tudo, profissional. Quando se é profissional não se deve esperar que a inspiração baixe como uma entidade. Você tem que trabalhar.
Se o Sr. tivesse a incumbência de pintar um quadro que retratasse o Congresso Nacional, como ele seria?MC – Seria uma tragédia! Eu o chamaria de “Uma Lata de Lixo”.
Para finalizar, o Sr. acha que, de uma forma geral, a grande imprensa nacional prioriza as questões do Sul e do Sudeste, em detrimento do Nordeste?MC – Olha, nós (Carta Capital) estamos acompanhando bastante a região nordeste. Aliás, só pra você ter uma idéia, em duas ocasiões aqui na Bahia o nosso “querido” ACM mandou tirar nossa revista das bancas. Ele ordenou que seus homens comprassem todos os exemplares. Primeiro foi um escândalo da Bahiatursa. Tem outra mais recente sobre a derrota que ele sofreu nas últimas eleições.
Essa é a atitude de um “coronel”?MC – Na verdade, não se trata de coronelismo. Eles (ACM e Sarney) são capitães hereditários. Eles consideram os Estados como propriedade deles. Muitos, como Jarder Barbalho, tentaram, mas não conseguiram. Mas, está havendo uma mudança no país.
Então, ainda vivemos na época das trevas?
MC – Acredito que sim. Ainda estamos na idade média. Veja o que acontece no Senado. Roriz renunciou já falando em voltar. Renan disse “daqui não saiu, daqui ninguém me tira”. Eu me pergunto como eles conseguem se reeleger. O Brasil é um país sem justiça, onde vale aquele velho ditado: aos amigos tudo, aos inimigos a lei.

CURSOS NA ÁREA CINEMATOGRÁFICA

De 13 a 17 de agosto/2007 o SESC Conquista estará oferecendo cursos: Cinesta do Futuro ( alunos de 12 a 18 anos) e capacitação em linguagem audivisual ( professores e animadores culturais). Esses cursos serão ministrados pelas faciltadoras do CINEDUC (RJ). As inscrições estão abertas!
Os interessados pelos cursos preencher formulário e entregar ou enviar para o Setor Social SESC Conquista. Tel: 77 - 3426-3131.

CURSOS GRATUITOS

CURSO DE CAPACITAÇÃO EM LINGUAGEM CINEMATOGRÁFICA
OBJETIVOS: Fornecer informações sobre a linguagem audiovisual que possibilitem ao professor utilizá-la no processo educativo e através de atividades práticas, em sala de aula, poder relacioná-las com outras matérias curriculares.
LOCAL: SESC – CONQUISTA
PERÍODO: 13 A 17 DE AGOSTO / 2007
TURNO: VESPERTINO 14:00 às 18:00 hs
CARGA HORÁRIA: 20 horas (4 horas /dia)
NÚMERO DE VAGAS: 40.
PÚBLICO ALVO: professores e animadores culturais.
PRÉ-REQUISITOS: Formação de Nível Médio

CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE VÍDEO PARA JOVENS
OBJETIVOS: Trabalhar o conceito de imagem em movimento e, principalmente como as linguagens audiovisuais (cinema, vídeo e televisão) se estruturam, e atingem o espectador, Dentro desta oficina, focalizamos especialmente a linguagem cinematográfica. As crianças e jovens vão produzir um vídeo, desde a criação do roteiro até a edição.
LOCAL: SESC – CONQUISTA
PERÍODO: 13 a 17 agosto / 2007
TURNO: MATUTINO 8:00 às 12:00 hs
CARGA HORÁRIA: 20 horas (4 horas /dia)
NÚMERO DE VAGAS: 25.
PÚBLICO ALVO: jovens de 12 a 18 anos.
VAGAS LIMITADAS
ESTES CURSOS FAZEM PAZEM PARTE DO PROJETO “A ESCOLA VAI AO CINEMA” E SERÃO MINISTRADOS PELOS FACILITADORES DO CINEDUC (RJ)

terça-feira, 17 de julho de 2007

EM DEFESA DA UNIVERSIDADE COM QUALIDADE!!




Em cada esquina um credor,
Em casa sem horizontes, um devedor grevista
Em cada centavo ausente na conta, uma dor
Em cada palavra do Governo, uma descrença
Em cada dia de espera por uma proposta decente...
A certeza de que escolhemos a pessoa ERRADA como nosso governo
Mas estamos cada vez vez mais fortes,
Em cada desilusão, uma força que nasce da decepção,
Que nos une em um objetivo maior: A GREVE é a nossa maior arma de LUTA!!

EM DEFESA DA UNIVERSIDADE COM QUALIDADE!!

rwlucas

rwlucas@clubenet.com.br